Meu nome de identidade é Warley de Assis Rodrigues. Mas, meu nome artístico é Desali. Vem de desalinho. Desalinhado… Eu tinha necessidade da intervenção urbana, começou no pixo, no graffite… Aí a galera me chamava de Desali. E, eu fazia o “desali” na rua.Também vem do quadrinho.Eu tenho história no quadrinho. Eu coloquei esse pseudônimo pra comercializar zine, publicações independentes na época. Eu sou formado na Guignard (Escola Guignard – Universidade do Estado de Minas Gerais).

Eu nasci em BH, mas eu morei em Contagem. Minha mãe me teve em BH. Morei um pouco no Barreiro. Do Barreiro passei grande parte da minha vida em Contagem, Bairro Nacional, onde acabei desenvolvendo a base de todo o meu trabalho que é um pouco das experiências da vida ali. Me marcou muito esse bairro! Aí eu acabei indo para a Guignard, fiz o bacharelado lá em pintura e fotografia. Atualmente, eu estou fazendo pós-graduação em Arte e Contemporaneidade. Lá também nessa mesma instituição a minha pesquisa gira muito em torno da intervenção no espaço público com artistas. Desde ocupações e manifestações. São ações que vão diretamente num ponto de encontro com esse espaço, como o Hélio Oiticica, eu até citei ele e a Lygia Pape. Eles tiveram essa necessidade de periferia-centro, de mobilizações, trabalhos a partir da experiência do corpo e do contato com o outro. Aí, a partir deles, eu fui encontrando com esse primeiro encontro com a academia. Eu fui encontrando outros artistas que foi mexendo em vários âmbitos… Eu tenho um trabalho totalmente voltado para a memória de um recorte da periferia e da minha vida por ter morado no bairro Nacional por muito tempo e acaba gerando em torno desse trabalho de memória.

A pintura gira muito em torno de um recorte de artistas naïfs mesmo. Eu trabalho com a madeira. Trabalho com objetos que eu encontro na rua. Desde o Arthur Bispo do Rosário mesmo. Desde esses pequenos objetos que vão de encontro com a minha memória e com a memória do meu espaço, com a memória desses mundos que eu vivo… E, a instalação tem isso dessa energia da rua. Quando eu falo da intervenção urbana é justamente do graffite e dos grupos de resistência da periferia. É essa relação dos objetos efêmeros dessa matéria usual, pós-produto, desse resíduo, desse descarte que vai criando outros significados. O vídeo em minha pesquisa gira em torno, por exemplo… O último vídeo que eu fiz foi um videoclipe.Foi uma batida de funk. Eu me inspiro muito nisso. E ele é feito muito voltado assim pra encaixar com os outros materiais. Eu acabo fazendo instalações que vai misturando desde o objeto, o vídeo, a fotografia quando é no espaço expositivo. Mas, sempre tem resquícios… Ele começa na rua… A potência dele é na rua …

Artista visual. Bacharel em fotografia e pintura pela Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas (UEMG). Especialização em Artes Plásticas e Contemporaneidade na mesma instituição. Transcrição parcial da entrevista realizada pela artista e pesquisadora Janaina Barros Silva Viana no ateliê do artista Desali em Belo Horizonte para o arquivo digital Epistemologias Comunitárias em 2019.