Então, meu nome é Maurício Lima Moreira, em artes Maurício Tizumba. Nascido e criado em Belo Horizonte desde 1957. Começo a minha vida como artista ainda mirim na década de 60. Aí, já cantando e recitando algumas coisinhas assim. Assim segue a minha vida.

Ganhando emancipação com 15 anos de idade pra poder tocar em bares. E, assim, segue.

Eu fiz na década de 70 a opção de ficar em Minas Gerais… Belo Horizonte… Pra criar mesmo um link… um vínculo forte com a arte de Belo Horizonte.

Eu trabalho com música, com cinema, com dança, com tudo assim que… Costumo dizer que é o seguinte:

– Comecei a fazer tudo isso porque… Eu tocava.

Quando ali na adolescência as pessoas me pagavam pra tocar. Cantar. Depois, apareceu alguém pra me pagar pra dançar. Eu dancei. Apareceu alguém pra me pagar pra recitar. Eu recitei… E, assim, por diante… Gera essa figura, que se fala, multifacetado, né? Ás vezes, no meu trabalho.

A partir daí eu começo a… 77… 78… Envolvo um pouco com a televisão. Depois da televisão, já no início dos anos 80, eu começo a fazer algumas coisas. Algumas incursões nessa coisa do cinema. Mas, isso aí, vem tudo junto ao mesmo tempo. Eu parei cinema pra fazer teatro. Eu não parei teatro pra fazer televisão. E, não parei nada disso pra fazer música. Era tudo junto aqui e agora. Assim, ao mesmo tempo.

E, como eu fiz a opção pra ficar em Belo Horizonte… Quando chega 78… Eu ali já com 19 para 20 anos sou envolvido ao movimento negro. E, a partir dali, vem a minha luta. Começa uma luta de fazer um trabalho de arte negra por uma causa. Poxa, eu tenho também as minhas manifestações bantu religiosas, como o congado, como o candomblé angola. Eu sou, praticamente, envolvido nessas manifestações desde criança. Minha mãe, primeira que é de candomblé angola de Belo Horizonte. Minha avó, uma benzedeira, congadeira que me ensina já a rezar o rosário. A minha mãe o quibuco. Então minha formação vem aí já misturada também nesse universo.

O meu trabalho que hoje eu venho desenvolvendo ele tá totalmente fincado em cima do tambor mineiro que é um tambor que vem da manifestação congadeira. Que é uma manifestação bantu-católica (…)

Ator, compositor, cantor, multi instrumentista, diretor musical e capitão de congado. Participou da criação da Cia Burlantins com as atrizes e cantoras Maria Machado e Regina Souza (1996). Criou o Espaço Cultural Tambor Mineiro que é um centro de referência de cultura negra mineira. E, idealizou a Mostra Benjamin de Oliveira (2013) em que a proposta curatorial apresenta um amplo debate sobre a necessidade de se evidenciar o protagonismo de uma autoria negra nestes espetáculos. Foi curador do Festival de Arte Negra na edição de 2013. Transcrição parcial da entrevista realizada pela artista e pesquisadora Janaina Barros Silva Viana na Sala Preta, uma das dependências do curso de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes da UFMG, para o arquivo digital Epistemologias Comunitárias em 2019.