Meu nome é Ricardo Aleixo. Ricardo José Aleixo de Brito é o meu nome completo. Eu gosto de pensar sempre que digo o meu nome completo no modo como a minha mãe se apresentava. Ela tinha uma piada íntima que era de estar, por exemplo, num consultório médico, no tempo que eles chamavam as pessoas pelo nome completo. E, chamavam:
– Íris Aleixo de Brito.
E, se levantava aquela mulher negra, pobre, e as pessoas olhavam espantadas. Ela gostava de falar e se espantavam porque era pobre com nome de rico. Então ela achava imponente o nome dela:
Íris Aleixo de Brito.
Eu nasci em Belo Horizonte no dia 14 de setembro de 1960, aqui nesta casa, onde funciona hoje o meu ateliê. Eu vivo desde os nove anos de idade com um pequeno intervalo em que vivi no bairro acima, Vila Clóris. Mas, estou completando 50 anos de Campo Alegre. O meu processo de aprendizagem se deu muito na peculiaríssima casa em que eu vivi na primeira infância. Eu morava no bairro São Lucas com meu pai, minha mãe e minha irmã. Meus pais… Eles eram tão pobres quanto eram amantes da literatura. O que tinham de pobres, tinham de leitores. Eram grandes leitores, além de grandes amantes da música, do cinema. Meu pai tem… ele me contava que na juventude ele chegou a fazer promessa para a padroeira de Nova Lima para deixar o vício do cinema. Ele via três filmes por semana. E, tinha também uma belíssima caligrafia, que segundo ele, em depoimento prestado a mim, ele desenvolveu sozinho nos dias em que estava de folga no trabalho, ainda, em Nova Lima. (…) Comprou um caderno de caligrafia. Então, esse… Eu estou contando isso, porque já aponta pra muitas das coisas que eu faço e que aprendi vendo meus pais fazerem.
Talvez a questão que mais mobiliza o meu fazer artístico seja a reaproximação da ideia da arte… Quer dizer a recuperação da ideia da arte como campo de conhecimento tão importante quanto os demais campos de conhecimento. Pra falar de um deles, o mais óbvio, a filosofia. E, parece que a poesia… A poesia como eu a desenvolvo, quer ser alguma coisa entre… o poema… quer ser alguma coisa entre a possibilidade de respiração. Me parece que o poema é uma possibilidade de respiração sendo, ao mesmo tempo, um estado do pensamento, um recorte de um dos muitos estados do pensamento, o pensamento em sua errância.
Poeta, músico e performer. Foi curador do Festival de Arte Negra em 1995, 2003, 2005/2006, 2011/2012 e 2013. Transcrição parcial da entrevista realizada pela artista e pesquisadora Janaina Barros Silva Viana na casa/ateliê do artista Ricardo Aleixo para o arquivo digital Epistemologias Comunitárias em 2019.
TERRITÓRIOS PERFORMATIVOS:
O LUGAR DA POÉTICA:
O LUGAR DA AUTORIA:
1.
RETRATO
Epistemologias Comunitárias, 2019
Ricardo Aleixo
Laboratório de Culturas e Humanidades (Labcult)
Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais
Áudio/ Captação de imagem (Skype): Janaina Barros Silva Viana
Registro fotográfico/Cinegrafista: Wagner Leite Viana
Edição de imagens/transcrição/tradução: Rogério Rodrigues
Ana Carolina HorikawaSupervisão residência pós-doutoral: Maria Aparecida Moura
2.
RETRATO
Epistemologias Comunitárias, 2019
Ricardo Aleixo
Laboratório de Culturas e Humanidades (Labcult)
Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais
Áudio/ Captação de imagem (Skype): Janaina Barros Silva Viana
Registro fotográfico/Cinegrafista: Wagner Leite Viana
Edição de imagens/transcrição/tradução: Rogério Rodrigues
Ana Carolina Horikawa
Supervisão residência pós-doutoral: Maria Aparecida Moura
OUTROS TERRITÓRIOS:
Algo de físico na escrita, 2019
Ricardo Aleixo
Prêmio Oceanos (Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa)
Direção: Murilo Alvesso
Realização: Associação Oceanos
Curadoria: Manuel da Costa Pinto/ Selma Caetano
Flip 2017 – Festa Literária Internacional de Paraty
Fruto estranho
Ricardo Aleixo
Performance
A Nova Literatura Brasileira, 2014
Ricardo Aleixo
Sempre Um Papo
Coordenação: Afonso Borges
www.sempreumpapo.com.br
RodaBHdePoesia, 2017
Ricardo Aleixo
Concepção: Pedro Bomba e Nivea Sabino
Fotografia: Daniel Ferreira e Guilherme Cury
Direção de arte e som direto: Juliana Pacheco
Montagem: Guilherme Cury e Daniel Ferreira
Iluminação: Michele Sá
Jenipapo Audiovisual
des(continuida(des #1, 2006
Ricardo Aleixo
Direção, roteiro e trilha sonora: Ricardo Aleixo
Produção, câmera, edição e roteiro: Tatu Guerra
Câmera: António Sérgio Moreira
Para dentro, 2009
Ricardo Aleixo
Audiovideopoema
Direção, soundesign, vozes, câmera, edição: Ricardo Aleixo
boca também toca tambor, 2010
Ricardo Aleixo
Itajaí Galeria Municipal de Arte
Projeto Folia das Falas
PÁGINAS SOBRE O ARTISTA:
https://www.youtube.com/channel/UC2HL7uXRkOSHFQOQqRAihkw
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa3623/ricardo-aleixo
http://rascunho.com.br/pele-poema/
https://www.obeltrano.com.br/portfolio/ricardo-aleixo-1/
https://seer.ufrgs.br/organon/article/view/65517