Lídia Lisboa

Lídia Lisboa

 

 

 

Meu nome é Lídia Lisboa. Tenho 48 anos. Logo 49 (anos). Eu sou artista plástica desde que eu me entendo por gente. Porque, hoje,  fala artista visual. Mas, eu me considero artista plástica. Eu vou e volto. Eu ando para frente e ando para trás.  Sabe assim? Eu dou um passo para frente e dou um passo para trás. Eu acho que tem muito a ver com as histórias das mulheres. Porque, no final, eu acho que eu fui cercada de mulheres. Por exemplo, quando o meu pai descobriu que  eu estava grávida,  fugi com duas mulheres. Eu fui para um lugar chamado Porto Isabel que eu já tinha planejado tudo…  Tudo… Como eu ia fazer! E aí o que aconteceu?

– Vamos para Porto Isabel…

A Carminha tinha namorado… Aí, nós fomos para esse Porto Isabel.  E, aí, chegou uma hora que tinha um varjão que era um lugar cheio de água. Aí eu peguei e falei:

– Gente! A gente vai ter que atravessar! Eu não vou poder voltar… Eu tenho que passar no mínimo uma semana!  Eu não posso voltar!  Eu não posso voltar!

Aí, eu tirei a minha calça, amarrei e a gente  jogou lá dentro:  pacote de macarrão, massa de tomate, cebola.  Colocou tudo dentro da calça e colocamos  na cabeça.  E, a gente foi… Atravessamos o varjão e chegamos numa terra preta cheia de buraco… Eu falei: 

– Meu Deus! O que são esses buracos assim? 

Eu olhava e nem queria ver o que tinha lá dentro.  E, a gente conseguiu chegar lá na casa aonde a gente ia ficar. Passamos uma semana nessa casa  comendo traíra. E, aí a comida acabou… Voltamos: Elisama, Carminha e eu. A Elisama tinha uma cicatriz daqui até aqui (faz um sinal com as mãos indicando a extensão da cicatriz). Ela tinha feito uma operação do coração. A Carminha eu quis ver, mas aí eu não consegui …  Não deu para ver[1] ()… mas foi uma coisa assim incrível!  Então… Assim… Eu já falei que o meu primeiro trabalho que fiz eu tinha 6 anos de idade? E, foi na cama do meu tio Paizinho? Que foi com feijão guandu, folhas…  Eu botei uma florzinha amarela no meio! E, aí, meu tio falou para minha mãe: 

– Maria, cuide da Lídia porque ela não faz parte desse mundo! Essa menina é diferente… Essa menina é esquisita!

 Aí, depois que meu tio Paizinho foi na minha casa  que eu morava na Rua Arruda Alvim (São Paulo), ele entrou e falou: 

– Agora eu sei  quem era aquela menina!  Aquela menina era artista! Eu era ignorante e não sabia…

 

 

[1] Lídia refere-se à visita realizada recentemente a sua cidade  natal Guaíra (Paraná).

 

 

 

Artista visual. Transcrição parcial  da entrevista realizada pela artista e pesquisadora Janaina Barros Silva Viana na casa/ateliê da artista  em São Paulo (SP) para o arquivo digital Epistemologias Comunitárias em 2019.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TERRITÓRIOS PERFORMATIVOS:

 

 

 

O LUGAR DA POÉTICA:

 

 

 

 

 

 

O LUGAR  DA  AUTORIA:

 

 

1.

RETRATO

 

 

 

Epistemologias Comunitárias , 2019

Lídia Lisboa

Laboratório de Culturas e Humanidades (Labcult)

Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais

Áudio/ Captação de imagem (Skype): Janaina Barros Silva Viana

Registro fotográfico/Cinegrafista: Wagner Leite Viana

Edição de imagens/transcrição/tradução: Rogério Rodrigues

                                                                         Ana Carolina Horikawa

Supervisão residência pós-doutoral: Maria Aparecida Moura

 

 

 

 

 

2.

RETRATO

 

 

 

 

Epistemologias Comunitárias , 2019

Lídia Lisboa

Laboratório de Culturas e Humanidades (Labcult)

Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais

Áudio/ Captação de imagem (Skype): Janaina Barros Silva Viana

Registro fotográfico/Cinegrafista: Wagner Leite Viana

Edição de imagens/transcrição/tradução: Rogério Rodrigues

                                                                           Ana Carolina Horikawa

Supervisão residência pós-doutoral: Maria Aparecida Moura

 

 

 

 

 

 

OUTROS TERRITÓRIOS:

 

 

 

 

 

Crochetando, 2016

Videoperformance

Lídia Lisboa

Registro: Henrique Saad

 

 

 

 

 

Grinalda, 2016

Videoperformance

Lídia Lisboa

Registro: Henrique Saad

 

 

 

 

 

Lidia Lisboa numa noite escura, 2014

Videoperformance

Lídia Lisboa

Registro: Henrique Saad

 

 

 

 

 

#EUFERENDA, 2014

Videoperformance

Lídia Lisboa

Registro: Omar Assais

 

 

 

 

 

Histórias de uma artista, 2019

Lídia Lisboa

MASP Professores /Histórias das mulheres,

histórias  feministas:  Uma conversa sobre

silêncios e visibilidades nas artes. Contexto de

exposições História das mulheres: artistas até 1900

e Histórias feministas: artistas depois de 2000

 

 

 

 

PÁGINAS SOBRE A ARTISTA:

 

 

http://www.omenelick2ato.com/artes-plasticas/lidia-lisboa-artista-convidada-edicao-zer017

https://revistaraca.com.br/o-trabalho-da-artista-plastica-lidia-lisboa/

http://amlatina.contemporaryand.com/pt/people/lidia-lisboa/

http://amlatina.contemporaryand.com/pt/editorial/clay-crochet-textiles-and-performance/

https://www.galeriarabieh.com.br/acervo/Lidia-Lisboa

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/93/93131/tde-05122018-095812/pt-br.php